domingo, 16 de junho de 2013

Atividade de leitura do encontro presencial

ATIVIDADE DE LEITURA 1

·        Construção de uma situação de aprendizagem para explorar, desenvolver e ampliar capacidades de leitura, a partir das seguintes estratégias (Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses.), com base no texto “No aeroporto” de Carlos Drummond de Andrade:


1 - Ativação de conhecimentos de mundo (Antes da Leitura)

            
- O que os alunos já sabem sobre o aeroporto?
- Leitura de imagens: aeroporto, fluxo de pessoas, quem trabalha lá...
- Mostrar na mídia (figuras, slides, etc.) e explorar os diferentes tipos de conceitos dentro do aeroporto: pessoas chegando e partindo, bagagens.
- Quem vai ao aeroporto?
- O que acontece em um aeroporto?
- Que tipo de aeroporto pode ser: nacional ou internacional?
- O que é preciso para viajar de avião? (documentos, idade, autorização)

2 - Antecipação ou predição (levantamento de hipóteses sobre o texto)

Ler o título e a primeira frase do texto: “Viajou meu amigo Pedro.” E considerar:

- Quem é Pedro?
- Qual é a relação dele com o narrador?
- Para onde ele vai?
- Qual é a importância dessa viagem para o narrador?
- Diante dessas considerações; qual é o gênero do texto e sobre o que ele tratará?

3 - Checagem de hipóteses (durante e depois da leitura do texto)

            - Ler o texto por parágrafos e ir observando se as hipóteses levantadas se confirmam ou não.


NO AEROPORTO - Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores.
Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos.
Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. Em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p.1107-1108


Imagem final: Em resposta a pergunta “Quem é Pedro?

Atividade realizada em grupo no encontro presencial do curso “Melhor Gestão, Melhor Ensino” em 15/06/2013.

Integrantes do grupo

Cristina Miranda Aguillera
Edi Carla Santos Barros
Elaine Miguel Pereira
Flávia Baldin de Souza Silva
Gleice Kelly da Silva
Rosana Kercher Kuramoto


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